Descrição
Ida Mett – A Comuna de Kronstadt
O livro de Mett, coautora da Plataforma Organizacional é um estudo produzido no final dos anos 1940 sobre a comuna e a insurreição de Kronstadt, episódio central na história da Revolução Russa, e que publicamos pela primeira vez em português junto com a editora Entremares.
Podemos dizer agora, entretanto, que o levante de Kronstadt marcou definitivamente o fim da própria Revolução Russa. De fato, o caráter e a importância do levante estavam destinados a tornarem-se temas de uma disputa mordaz dentro da esquerda internacional pelos anos que viriam. Hoje, ainda que toda uma nova geração de revolucionário tenha surgido – uma geração quase totalmente desinformada dos eventos – “o problema em Kronstadt” não perdeu nada de sua relevância e sua força. Devido ao levante de Kronstadt diversas questões candentes foram colocadas: a relação entre as então chamadas “massas” e os partidos que professavam falar em seu nome e a natureza do sistema social na União Soviética moderna. Com efeito, o levante de Kronstadt, permanece como um desafio duradouro à concepção bolchevique da função histórica do partido e a noção da União Soviética como um Estado “Socialista” ou “Proletário”. […] O principal mérito do trabalho de Ida Mett é o vislumbre que oferece acerca do movimento popular, um movimento do qual depende o desenlace de todas as insurreições revolucionárias. Somos atraídos para longe do Partido e dos congressos dos sovietes, para longe dos “líderes” e das correntes políticas, e para dentro da alma do processo revolucionário. Ganhamos uma percepção acerca das ideias políticas amadurecidas nas ruas e quartéis; somos levados para dentro dos processos moleculares do movimento de baixo; nós estabelecemos contato com o inconfundível espirito popular de improvisação, o entusiasmo e a energia que é a marca do povo em movimento de forma revolucionária. Só por essas razões o curto texto de Mett já merece uma leitura mais cuidadosa, porque o que está em jogo em sua visão sobre Kronstadt não é somente a Revolução Russa, mas o próprio conceito de revolução. (Murray Bookchin)